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O sonho americano, pesadelo brasileiro
* Mario Eugenio Saturno O Brasil tem um PIB de dois trilhões e meio, deve ocupar o posto de sexta economia do planeta, mas nem por isso é um país rico que pode desperdiçar investimentos. Erros básicos em pontos estratégicos, como energia, podem comprometer o futuro do país. Veja-se o que o governo federal faz aposta no petróleo do pré-sal e esquece do etanol de cana de açúcar. Loucura total! Produzimos etanol em escala para abastecer milhões de carros há 40 anos, com tecnologia nacional no plantio e produção, beneficia-se muitos produtores e agricultores, lucro certo! Já o pré-sal beneficiará pouquíssimos produtores, ainda não existe uma tecnologia pronta, custos previstos altos, lucro incerto! O governo deveria investir também em outra fonte de energia renovável: o biodiesel. Essa limitação ideológica, forçando o biodiesel somente para a agricultura familiar acaba com esta opção interessante. Observe o quanto de óleo de fritura as famílias jogam no esgoto, criando uma poluição desnecessária. Poderia ser coletada e transformada em biodiesel. E a gordura animal, de abatedouros e matadouros, mais biodiesel... potencial, já que este governo não se interessa. Prefere algo que necessita de vultuosos investimentos, o pré-sal. Pois é! Enquanto esses megalomaníacos sonham com o pré-sal, os Estados Unidos mostrou seu extremo faro para o sucesso e arrasou com o baixo custo do gás de xisto gerado por uma nova tecnologia, o faturamento terrestre em formações de xisto. Isso começou há cinco anos e agora mostra os resultados. O preço do gás americano, que custava US$ 9 por milhão de BTU (unidade térmica britânica), caiu para US$ 1,82 no ano passado. Hoje, o preço fica entre US$ 2,5 a US$ 3 por milhão de BTU. Na Europa, o gás custa entre US$ 8 e US$ 10 e no Brasil, de US$ 12 a US$ 16. Os Estados Unidos deixaram de ser um grande importador de gás e podem até exportar, algo inimaginável em 2008. Uma mudança de cenário surpreendente para as indústrias que usam o gás como matéria-prima, como as de fertilizantes e cerâmicas. O governo brasileiro ainda não acordou para o problema. E veja que quem entrou no gás natural, entrou porque era mais vantajoso. O problema é que até 35% dos custos industriais é do gás e empresas do ramo de cerâmica, vidro e química, perderam competitividade. A Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos (Anfacer) alerta que as importações do setor subiram 9.000% nos últimos sete anos. Também as Empresas Braskem, Unigel e Dow Chemical paralisaram o investimento de bilhões de dólares. A multinacional do setor de vidros AGC investiu R$ 800 milhões em uma fábrica, mas os últimos três anos o preço do gás dobrou e já desistiram de fazer outro investimento planejado de R$ 800 milhões. O Brasil também tem reservas de gás de xisto e são estimadas em 6,4 trilhões de metros cúbicos, é a décima reserva mundial. A China tem as maiores reservas, 36 trilhões de metros cúbicos, seguida pelos Estados Unidos, 24 trilhões. Para assustar os brasileiros, os norte-americanos preparam-se para investir em biodiesel e vai desbancar o Brasil tal como aconteceu o etanol. *Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano. ...


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